O BLOG DA OPINIÃO BEM TEMPERADA

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Nova Ordem Política?

Por: Leonardo Cardi

Em tempos de dinheiro na cueca e de legislativo querendo ser executivo, endemicamente o caos está se instalando na política e nas relações de poder. Pudera! Já que em dias de candidato propondo o “69” ou colocando nariz de palhaço é, no mínimo, pressupor a ignorância – de forma veemente – do povo, relegando todo brasileiro a sua indelével situação derradeira: Omissão consciente que gera a pena da impotência e do descaso.

Em tempos de cólera eleitoreira, o espécime mais raro é aquele que preserva a sua identidade ideológica e suas matrizes étnicas, cultural-históricas, sobretudo morais. Esse espécime raro é o político, já que o “verdadeiro” encontra-se em extinção, logo sua raridade.

História de vida não é garantia de boa política, tampouco capacidades ou perícias técnicas advindas do conhecimento são garantias de bom caráter. O equilíbrio entre as duas coisas dão corpo ao que podemos chamar de “representatividade”, além de um detalhe especial: A Consciência.

Ter consciência é versar suas palavras sobre assuntos inclusivos, decisivos, detalhando suas propostas tecnicamente, não – em via de regra – como merchandising político, puramente tendencioso e parcial a si e aos seus aliados. Não é dizer sobre sua vida, mas demonstrá-la, praticá-la, a êxito de seus ideais, sem o rótulo marqueteiro ou a carapuça da lábia.

O verdadeiro político deve pautar sua vida nos exemplos certos, éticos, ou ao menos políticos, que em seu termo original significa: Atividade dos cidadãos que se ocupam dos assuntos públicos com seu voto ou com sua militância.[i]

Destarte podemos compreender que política não é realizada somente por aquele que representa a quem vota, mas também por todo aquele quem o elegeu, ou seja, pelos eleitores, nós.

Esse é o pressuposto da democracia, que é o regime de governo em que o poder de tomar importantes decisões políticas está com os cidadãos (povo), direta ou indiretamente, por meio de representantes eleitos. A figura mais importante na democracia não é a do eleito, e sim do eleitor, “o Povo", isto é, quem tem direito ao voto[ii].

O grande desafio democrático é o de como proteger os direitos de minorias contra a "tirania da maioria" e qual sistema deve ser usado para a eleição de representantes ou outros executivos.

A nossa idéia de política, democracia, representatividade, luta, entre outras manifestações legitimas da sociedade em razão de sua essência, está condicionada aos paradigmas tendenciosos e corruptos de um passado de manipulação e domínio ideológico da elite capitalista, que ainda nos envolve com sua influência nefasta, sob a o véu da mídia e das relações institucionalizadas.

É nosso dever como políticos, por sermos cidadãos brasileiros, natos ou naturalizados, mudar tais paradigmas, incluindo na pauta da mudança ideais coletivos de justiça e cidadania, de equidade, de senso positivo, de inclusão social. Positivando-se o necessário em nosso ordenamento jurídico[iii] para preencher as lacunas existentes e, através fazendo-se cumprir de fato suas sanções, criaremos definitivamente um principio sólido para um novo estado democrático de direito.


[iii] É a lei positivada, ou seja, vigente e eficaz (códigos, decretos e demais leis).