O BLOG DA OPINIÃO BEM TEMPERADA

quarta-feira, 22 de julho de 2009

NEO-LIBERALISMO, NÃO-LIBERALISMO

Vivemos em um época neo-liberal. Ok, mas o que isso significa? Neo-liberalismo é um conceito já tão batido, porém, pouco se sabe sobre ele. Não é minha intenção escrever uma tese sobre esta nova tendência da economia mundial, mas sim explicá-la por cima para lançar uma provocação a quem for ler esse texto. Talvez, mais do que uma provocação, seja mais uma teoria da conspiração que desenvolvi, que, de certa forma, faz algum sentido. Então, não desistam por causa da teoria de botequim que vou ter que passar no começo.
O liberalismo, simplificando muito, seria uma filosofia econômica e política que prega a menor interferência possível do Estado; muitos já devem ter ouvido a expressão “Estado mínimo”. O que isso quer dizer, o governo não deve interferir na vida dos indivíduos. Se por uma lado isso é bom, pois ninguém quer um rei absolutista, um Stalin ou um Hitler te dizendo o que você tem que fazer e o que não tem, além de ter direito de vida e morte sobre os indivíduos, por outro é extremamente maléfico, pois isso significa também que o Estado não tem que fornecer saúde, educação, moradia, etc., para a população; deve ser mínimo. A utopia liberal prega que se os indivíduos concorrerem entre si, tudo seria lindo: os preços cairiam e todos teriam acesso a tudo. Na teoria parece lindo, porém na prática o que acontece é a formação de monopólios e o crescimento da desigualdade social.
O neo-liberalismo é a retomada, desde o final dos anos 70, dessa filosofia econômica, tendo ainda como agravante o crescente desenvolvimento tecnológico e da comunicação, associados com a globalização. O problema tornou-se mundial. No Brasil, esta política foi definitivamente implanta pelo nosso saudoso FHC – estou sendo irônico, claro – com suas privatizações e com os cortes de verbas na educação, na saúde, etc. E por que a diminuição dos investimentos nessas áreas? Além da ideologia do Estado mínimo, liberando a interferência do governo em áreas de assistência a população, que agora deverão ser disputadas por empresas privadas, outro importante motivo é a criação de superávit. O Brasil deve ter um saldo positivo para que seja um país seguro para investimentos e para que terceiros comprem títulos de sua dívida. E, agora começa a lógica perversa, qual é o melhor jeito de fazer superávit? Ou, jogando para um exemplo do cotidiano, o que você faz quando quer sair do vermelho e ver o seu saldo positivo no banco? Simples, para de gastar. Porém, enquanto paramos de gastar com futilidades, o governo corta gastos nos principais serviços de assistência a população.
Pronto! Se você teve paciência de chegar até aqui, parabéns! Agora começa a teoria da conspiração e você lembrará dela toda vez que não puder beber porque está dirigindo, ou não puder fumar quando está em um barzinho. Por que eu falo isso? Bem, como disse é só uma teoria, mas acho que faz muito sentido. A idéia é basicamente a seguinte: como chega uma hora que o governo não tem mais onde cortar nos serviços públicos, e neste caso na área da saúde, ele faz leis que vão diminuir ainda mais seus investimentos, pois haverá menos pessoas com problemas respiratórios e menos acidentes de transito, ou seja, menos gastos hospitalares. Ok, não há dúvidas que menos acidentes e menos problemas de saúde são bons, porém, talvez isso só seja uma forma de diminuir ainda mais os gastos nestes setores. Lembro-me que nos primeiros meses de lei seca vivia dando no noticiário o quanto o governo já havia economizado.
Menos problemas respiratórios, menos acidentes, mais dinheiro; nossa, parece perfeito, não? Porém, a lógica é mais perversa do que parece. O governo necessita gerar novas rendas porque precisa abrir, literalmente, as pernas para as grandes empresas que se instalam aqui, ou seja, oferecer menos restrições ambientais, menos impostos, menos encargos trabalhistas, etc. Só para se ter uma idéia, segundo o sociólogo Ulrich Beck: “Entre 1989 e 1993, os impostos coletados sobre os lucros das grandes empresas caíram cerca de 18,6 por cento e reduziram-se a cerca de metade do total da renda fiscal dos Estados”. A pergunta que fica é: quem paga essa redução?
Enquanto o governo diminui suas rendas, abrindo a perna para as grandes empresas (também não sei se tinha outra alternativa, pois sociedade e Estado são reféns das grandes corporações) quem paga a conta somos nós. Em primeiro lugar, sendo obrigados a aturar um sistema de saúde e de educação péssimo, por falta de investimentos e, em segundo lugar, sendo obrigados a não beber e não fumar para ajudar o governo a economizar. É mole?
Eu mesmo não fumo, porém, acho ridícula essa proibição. Vivemos em uma época onde as diferenças finalmente começam a ser respeitadas, vide calçadas e transportes para cadeirantes, bancos para obesos, etc., porém, somos obrigados a agüentar a proibição de fumar, sem ao menos a opção de áreas para fumantes. Onde está o respeito à alteridade, quando mexe no bolso do governo?
Bem, eu sei que a teoria pode parecer forçada para alguns, mas eu realmente acho que pode fazer algum sentido. Assim, para concluir e explicar o porquê do título, enquanto o Estado é neo-liberal com as empresas e com os serviços de assistência a população, ele é não-liberal com os cidadãos, pois interfere nas liberdades individuais, criando leis que os proíbem de relaxar e desafogar a tensão do trabalho diário em um barzinho naquela happy-hour. O buraco é ainda bem mais em baixo, porém, termino por aqui. Até!

Por: J. J

16 comentários:

  1. não sei se existe essa possibilidade de concordar descordando, mas vou optar por ela a teoria de um modo geral tem e faz muito sentido alias acho que é exataente essa a questão, agora quanto ao exemplo utilizado do cigarro não concordo, pois um indivíduo que não fuma não é obrigado a ficar em um ambiente onde tem pessoas fumando como também uma pessoa que fuma não é obrigada a ficar e um lugar onde existe pessoas qeu não fumam a questão é deve existir um lugar expecífico e isolado onde o fumante possa inalar toda a sua maravilhosa fumaça sem que ele há divida com outras pessoas que não o querem. Ainda acho que se pode o cigarro porque não pode a maconha, porque não pode o sexo ao ar livre, porque não se pode andar nú são varias as vertentes que a propria sociedade impoe e as vezes nem é culpa do governo que é quem dita as regras. Que fique bem claro que não faço apologia as drogas e a nenhum tipo de ato ilicíto.
    Mas é uma boa discução para buteko rs.

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  3. Realmente, João... É um assunto polêmico, não há verdades sobre isso, mas sim opiniões. Não acho que vc discordou do que falei, porque também acho que as pessoas que não fumam não são obrigadas a aguentar a fumaça dos fumantes, é realmente inconveniente... Porém, acho que deveria haver espaços para estes poderem fumar se quisessem.
    Como falei o buraco é mais embaixo. Não tenho dúvida que essa lei não é apenas uma "conspiração" do governo, mas também tem um capital político exigido pela sociedade. Imagino que o número de fumante tenha caído substancialmente dos últimos anos para cá. Eu mesmo encho o saco para ela parar de fumar. Parece contraditório, não? Talvez seja.
    Mas o que escrevi é que, o que é fato, enquanto as multinacionais fazem o que querem os individuos se fodem...
    Gostei do comentário... E vamos marcar um boteco qualquer dia para continuarmos a conversa, hauahuaha.

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  5. Mas o que é afinal o “neoliberalismo”? No meu modo de ver, trata-se de uma doutrina que defende a privatização generalizada da atividade econômica, incluindo setores como os transportes, os correios, a água, os cuidados de saúde, a gestão das prisões, e por aí adiante, a desregulamentação, o que teve especial efeito nos mercados financeiros, cortes na despesa social do Estado.

    Este tipo de críticas são apenas frases vazias de conteúdo. É fácil dizer umas banalidades generalizadas sobre regulação ou regulamentação, fazer queixas sobre a “excessiva” liberalização dos mercados financeiros e não concretizar uma única proposta alternativa sobre o tema. Especificamente, quais das medidas liberalizadoras pretendem reverter.

    Somos presenteados com uma (yet another) definição dessa doutrina. Depois, podemos ver a contundente pronúncia do seu falhanço. Neste caso, o autor nem se dá ao trabalho de argumentar. O falhanço é evidente e, por definição, o “neoliberalismo” representa: instabilidade dos mercados, aumento das desigualdades e da insegurança, crise da democracia, degradação ambiental. Isso explica a facilidade e a natural estatistas, vêm agora demarcar-se da referida “doutrina”.
    Vamos lá: à esquerda, clama-se contra as políticas neoliberais de direita. (Presume-se que sejam ainda piores do que as neoliberais de esquerda, pois estas são bem de esquerda.) A crise é neoliberal. A globalização é neoliberal. Pior que tudo, acusação, juízo e execução definitiva: O “Bush” era neoliberal. (Ou neoconservador, que deve ser a mesma coisa, pois também tem lá o “neo”. Se calhar o Neo do Matrix também era neoliberal.), já à direita, diz-se que a esquerda é radical; mas que também não são neoliberais. Isso é que não. Tipicamente, ambos os lados querem mais “regulação”. Para pôr ordem no “mercado”. E uma “face humana”. Claro. Sem “face humana” ficava difícil extorquir metade do PIB.

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  6. De fato o assunto rende pano pra manga rs e realmente acho que as atitudes e campanhas contra fumo e bebidas são sim parte de uma conspiração ou melhor parte de um plano para redução de investimentos como vc mesmo disse mas de certa maneira ela beneficia de alguma forma a sociedade é certo que o intuito não é esse mas involuntariamente por trás das falcatruas que acontecem te um certo benefício. Mas é como vc disse o buraco é muito mais embaixo e sobre o fato das multinacionáis realmente estamos a mercê delas

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  8. Há uma certa falácia a respeito do neoliberalismo. Na minha opinião esse sistema compromete o desenvolvimento sustentável, a justiça social e a preservação do meio ambiente, de modo a não ser possível mais a sua continuidade como ideologia predominante no mundo capitalista.
    O neoliberalismo conduz o mundo a uma catástrofe ambiental e social, pois a medida de seus interesses está o antagonismo exacerbado entre as classes sociais e a desigualdade gerada entre os cidadãos e as empresas, fatos que hoje em dia a meu ver são encarados com estranha naturalidade e até certo desdém por parte do governo, da sociedade civil e dos antigos movimentos sociais que hoje são “parceiros” do governo e das grandes empresas que dominam o mercado.

    O que eu gostaria de saber é se, na visão de vocês, um tipo mais justo de sistema econômico, assim como a economia solidária, por exemplo, poderia substituir o processo capitalista atual? E se mesmo que isso ocorra, lentamente, irá conseguir superar a ideologia neoliberal atual?

    Lanço a vocês essas questões no sentido de propor um debate mais amplo sobre esse relevante e fundamental tema!

    Grand Abraço a Todos!

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  9. O que podemos fazer? Nós, realmente nada. Ao contrário do que vc falou, Rico, acho que sem a face humana fica mais fácil extorquir metade do PIB. Pois quem são os que sofrem? Os grandes acionistas não sabem. Eles podem muito bem ir para seu condomínio de luxo ou morar em países longe das consequencias de suas decisões.
    COm relação ao "abuso" dos "neos" talvez você tenha razão, porém, as consequencias são reais. A Tatcher, a Eva do Neo-liberalismo disse: "Não existe essa coisa de sociedade"; se acreditarmos nisso fudeu, acaba toda a solidariedade e vamos no cada um por si. Fudeu.
    Soluções? Talvez, soluções globais: uma "ética capitalista" global. O que quero dizer com isso: criar regulamentações que controlem as isenções fiscais mundialmente, assim como as consequencias naturais das multi-nacionais. Estados fortes para conter os avanços dessa politica de desregulamentação, etc. Na verdade reacriar o comprometimento entre capital e trabalho.
    Acho que um sistema econômico mais justo, Léo, seria a volta do Estado de Bem-estar social. Que cobrem impostos, mas que cobrem de todos e ofereçam serviços de qualidade a população.
    Assunto quente!

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  10. Fumar ou não fumar... Eis a questão!
    Mas levando a conversa a outro ponto, por que temos bancos, calçadas, ruas, cinema e etc. porque temos esses pontos públicos com acessibilidade?
    Porque já ta mais que na hora do governo por a mão na consciência e dar acessibilidade há quem precisa?
    Será?
    Mas antes de existir a lei de acessibilidade isso não existia, nem se quer tinha na mídia essa palavra. Acessibilidade
    Esse é um outro debate para o boteco.

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  12. Antes de fazer um comentário a altura...
    Gostaria de informar que mandei esse texto por email para todos os meus contatos, esse texto irá rodar o mundo ...em breve a segurança de estado virá atrás do autor sensurando e reprimindo o direito de expressão. Pois o texto forma uma opinião contrária a vontade do governo! Isso é muito sério!

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  13. estamos atraindo mais seguidores das teorias de conspiração rs, mas lembro-me bem se que eu e o nosso amigo JJ ja tivemos varias discussões sobre esse tema lembro até de um desenvolvido por ele sobre a teoria do suflair rs interessante lembra abraços.

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  14. Nossa, fudeu... daqui a pouco chega a polícia aqui em casa...
    Teoria do Suflair? Não lembro, não lembro... Como que era

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  15. do almento dos preços que eram uma concequencia do almento do suflair rs epoca do igt ainda haahuhauha faz tempo vc ainda tinha o proslambanomenos

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  16. Obrigada pela visita ! =)
    Todos os textos do meu blog foram escritos por mim. Os que não foram possuem o nome do autor ao lado.

    Volte sempre. !

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